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Quiet firing: a estratégia silenciosa que cresce nas empresas e seus riscos

Ao adotar o quiet firing, empresas correm o risco de perder talentos valiosos junto com os que realmente desejavam desligar

À medida que mais companhias reforçam regras de retorno ao escritório (RTO), cresce a suspeita de que parte dessas exigências serve para provocar a saída de funcionários que preferem o trabalho remoto ou híbrido. Uma nova pesquisa indica que essa prática, conhecida como quiet firing, vai além do RTO e envolve outras táticas para reduzir o quadro de pessoal sem recorrer a demissões formais.

Segundo levantamento da ResumeTemplates com 1.128 líderes empresariais nos EUA, 42% admitiram ter usado estratégias de quiet firing neste ano, e outros 11% disseram planejar aplicá-las nos próximos meses. Entre os motivos, o principal é evitar custos com rescisões, indenizações e riscos legais — além de minimizar danos de imagem.

Táticas mais comuns

O estudo identificou as principais formas de empurrar profissionais para fora da empresa:

  • Atrasar aumentos prometidos – citado por 47% dos participantes
  • Endurecer regras de presença física – 46%
  • Aumentar a carga de trabalho sem compensação – 45%
  • Cortar salários ou benefícios – 32%
  • Micromanagement ou exclusão deliberada de projetos
  • Ignorar ambientes tóxicos para desgastar a permanência do alvo

Essas ações são aplicadas tanto a funcionários considerados de baixo desempenho (47%) quanto àqueles que resistem a novas regras de RTO (41%).

Pressões externas e motivações internas

Para muitos gestores, a medida responde a desafios econômicos: queda nas vendas (50%), aumento de custos com tarifas de importação (46%), expectativa de recessão (40%) e inflação salarial (40%). Apesar disso, 98% dos entrevistados reconheceram que a prática prejudica o moral da equipe — quase 40% afirmaram que o impacto é “considerável”.

Julia Toothacre, estrategista de carreira da ResumeTemplates, alerta que o quiet firing é um “atalho” de alto risco. Embora possa reduzir custos imediatos, danifica produtividade, confiança e reputação no longo prazo. E há outro efeito colateral: nem sempre os funcionários visados saem. Em 77% dos casos, os empregados optaram por ficar, muitas vezes por receio de não encontrar algo melhor no mercado atual.

Um jogo perigoso para o futuro

Ao adotar o quiet firing, empresas correm o risco de perder talentos valiosos junto com os que realmente desejavam desligar. Além disso, manter profissionais insatisfeitos pode criar ambientes de baixa motivação, afetando diretamente resultados e capacidade de atrair novos talentos.

Em um mercado cada vez mais atento a cultura e práticas de gestão, estratégias silenciosas de desligamento podem se transformar em um passivo — não apenas financeiro, mas de imagem e desempenho.